Concurso oferece prêmios de R$ 26 mil para renovar linguagem visual da segurança cibernética
Desafio de criação de imagens vai premiar até cinco vencedores com US$ 7 mil (R$ 26,5 mil).
A Hewlett Foundation, em colaboração com a OpenIDEO, lançou o "Desafio de Elementos Visuais de Segurança Cibernética". O objetivo é estimular designers, fotógrafos e outros artistas a renovar a linguagem visual que hoje representa os hackers e a segurança digital, transmitindo de forma mais adequada a influência desse tema na sociedade.
Representantes da organização criticaram os clichês que hoje representam a segurança digital, como homens encapuzados e cadeados brilhantes. Para eles, essas imagens carecem de conteúdo e rigor técnico, dificultando a comunicação de ideias.
A Hewlett Foundation é uma entidade filantrópica estabelecida pelo fundador da HP Bill Hewlett (1913-2001) e sua esposa Flora Hewlett (1914-1977). Até cinco vencedores do concurso receberão um prêmio de US$ 7 mil (cerca de R$ 26,5 mil) cada.
As inscrições estão abertas e o Brasil está na lista de países elegíveis. O prazo para participar na primeira fase termina em 16 agosto e exige o envio de um esboço — cuja criação os organizadores estimam em 2 horas — e o preenchimento de um formulário para relatar a experiência de criação, o estilo criativo do inscrito e sua relação com a área de segurança digital.
As regras da competição estão disponíveis em diversos idiomas, inclusive em português. No entanto, segundo o regulamento, todas as informações exigidas na inscrição devem ser redigidas em inglês.
Para se inscrever, é preciso criar um cadastro na OpenIDEO.
Além do 'hacker encapuzado'
Eli Sugarman e Heath Wickline da Hewlett Foundation publicaram um artigo anunciando o concurso e explicando por que a entidade decidiu organizar esse desafio. Segundo eles, há uma pobreza nos elementos das imagens usadas para representar a segurança cibernética, como homens encapuzados diante de teclados, zeros e uns em estilo Matrix, cadeados brilhantes e racks (armários) de servidores
Para Sugarman e Wickline, essas imagens não transmitem nada sobre os desafios e impactos reais que a segurança cibernética tem hoje na sociedade e na vida de cada indivíduo. Questões como a representação de uma brecha ou o significado de uma comunicação criptografada não são abordadas por esse tipo de peça.
Em parceria com a empresa de design IDEO, a Hewlett Foundation produziu um relatório que identifica cinco princípios para a linguagem visual da segurança cibernética:
A "humanização do espaço", explicitando o lado humano da segurança cibernética;
A "busca por acessibilidade", de modo que imagens devem ser compressíveis para um grande público;
A capacidade de "dar o alarme sem ser alarmista", pois o excesso de medo instigado por certas peças visuais não contribui com a construção de políticas sensatas na área de segurança;
O entendimento de que "veracidade constrói credibilidade". É preciso que os elementos visuais estabeleçam um elo com a complexidade técnica do tema de segurança digital;
"Tornar visível o invisível": como muitos conceitos na área de segurança digital são intangíveis, a linguagem visual precisa encontrar formas de representá-los;
Desenvolver metáforas visuais para conceitos complexos, permitindo que a representação de algum conceito de fato auxilie as pessoas a entendê-los.
Apesar desses pontos que foram levantados, ainda há outras questões a serem abordadas, inclusive o contato que deve existir entre especialistas da área e os profissionais da área de criação gráfica. Portanto, ainda há muitas perguntas sem respostas, segundo a dupla. O concurso prevê o contato dos participantes com profissionais da área de segurança.
"Quaisquer que sejam as respostas dadas, estamos seguros de que os criadores visuais que participarem [do desafio] vão nos dar algo para refletir e ajudar a avançar a iconografia do cibernético para além dos desgastados clichês de hackers encapuzados que hoje lotam os bancos de imagens", diz o texto de Sugarman e Wickline.